OS BRASILEIROS QUE FORAM ATACADOS DURANTE A GUERRA DOS SEIS DIAS


Muita gente não sabe, mas os brasileiros fizeram parte do Batalhão de Suez, uma força de paz da ONU que agiu no complexo conflito gerado após a nacionalização do Canal (um dos motivos).
O Brasil foi um dos dez países convidados a participar da missão, juntamente com Canadá, Noruega, Finlândia, Índia, Colômbia, Dinamarca, Indochina, Suécia e Iugoslávia.

Sem muitas delongas o convite foi aceito pelo presidente JK. As intenções de JK com relação à política externa tornaram-se claras: a participação na tropa de paz era uma oportunidade de projetar o Brasil no cenário internacional – ambição que o país perseguia com afinco na época.

Ao longo de dez anos, o governo brasileiro enviou vinte contingentes de tropas para a região, num total aproximado de 6.300 militares. Cada grupo permanecia na região por cerca de um ano. A cada seis meses, metade do efetivo era trocada.

O ABANDONO

Os dezenove contingentes enviados ao Oriente Médio a partir do ano de 1957 cumpriram suas missões, normalmente. No entanto, o mesmo não ocorreu com os 427 militares do 20º Contingente. No dia 14 de maio de 1967, o presidente do Egito, intencionado em atacar Israel, pediu a retirada imediata de seu território da Força de Emergência das Nações Unidas, da qual fazia parte os 427 brasileiros e, no dia 19 de maio o Secretário Geral da ONU tornou extinta a 1ª Força de Emergência das Nações Unidas.  Ou seja, a partir desse moimento era cada um por si. Cada país devia evacuar os seus militares dali o mais rápido possível.

Depois de algumas tentativas diplomáticas do governo brasileiro, o plano de remoção dos soldados acabou falhando. Muitos culpam a demora e a incompetência do governo da época por tamanho fiasco.

O ataque de Israel foi surpreendente e avassalador, encontrando pelo caminho a tropa brasileira, um contingente militar num campo de guerra, que não tinha mais seu status de Força de Paz.  No primeiro dia de guerra as posições brasileiras foram atacadas, primeiro pelo bombardeio aéreo, depois pela artilharia, depois pela cavalaria blindada e por último pela infantaria israelense. O cabo Carlos Ilha de Macedo foi morto com tiros disparados por uma metralhadora israelense em 1967.

Finalmente no dia 13 de junho os brasileiros são resgatados no Porto israelense de Ashdod pelo Navio de Transporte Soares Dutra da Marinha de Guerra do Brasil. Estranhamente esse navio não foi diretamente para o Oriente Médio resgatar o 20º Contingente. Ao invés disso, esse navio que havia saído do Brasil há mais de duas semanas, estava à caminho de Trieste/ Itália onde iria descarregar 45 Mil sacas de Café do Brasil. Quando adentrava o Mar Adriático; recebeu ordens para desviar sua rota e seguir para o Porto israelense de Ashdod, onde aguardava o 20º Contingente.

O saldo total desse episódio lamentável foi um brasileiro morto, vários feridos e um número desconhecido de surtos psicóticos relacionados ao lamentável fato narrado acima.

A INDENIZAÇÃO

A Revista Sociedade Militar informou que o deputado Pompeo de Matos, membro da comissão que estuda o PL 1645/2019, conhecido como reestruturação das carreiras, quer fazer justiça aos militares que sofreram com uma guerra que não lhes cabia. Tudo indica que a indenização será de R$300.000 por militar. Vale ressaltar que alguns já venceram na Justiça e hoje recebem pensão pelos esforços de guerra.

FONTES DE PESQUISA/CRÉDITOS

Revista Sociedade Militar
Tribunal Regional Federal - TRF
Jusbrasil
www.batalhaosuez.com.br

IMAGEM

Essa foto é de parte do 13º contingente brasileiro do Batalhão Suez.